quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ritmo de festa

  Vocês sabem como é... veio fim de semana, veio o plantão de sábado, veio o comprometimento com o lazer, a diversão e o atoísmo, e meu post acabou ficando sempre para depois. A boa notícia é que o depois é hoje! Assisti ontem o "Festa de Família", sobre o qual a única coisa que eu sabia era que fazia parte do Dogma 95, um movimento cinematográfico que buscava um cinema mais realista, menos comercial, sem efeitos e recursos tecnológicos...
  Por muito tempo, eu achava o movimento meio babaca, coisa de quem não tinha criatividade e precisava "inventar moda" para, de fato, fazer cinema. Mas hoje em dia eu acho que foi um movimento criativo legítimo mesmo, independente da qualidade dos filmes que fazem parte dele, até porque eu assisti pouquíssimos. E mais, acho mesmo que  foi uma forma de recriar alguma coisa para poder voltar a criar, brincar com regras e recursos e estabelecer novos paradigmas, mesmo que fosse só para o bel prazer dos realizadores- o que é mais ou menos o que eu tento fazer por aqui, né verdade? Vamos ao filme, que assisti ontem e acabei não podendo postar sobre, por conta de uma outra Festa de Família, aniversário da minha grande amiga, ex-roomie e pau-pra-toda-obra, Dudu.


Festa de Família

Título original: (Dogme 1 - Festen)
Lançamento: 1998 (Dinamarca)
Direção: Thomas Vinterberg
Atores: Ulrich Thomsen, Henning Moritzen, Thomas Bo Larsen, Paprika Steen.
Duração: 106 min
Gênero: Drama


Até agora, a crítica de "Festa de Família" foi a que mais coincidiu com a minha opinião sobre o filme em "1001 filmes para ver antes de morrer". Pra começar, porque parte do princípio de que o "Festa" parte de um roteiro aparentemente clichê, a comemoração do aniversário de 60 anos de um patriarca, em que a família, cheia de suas crises abafadas ao longo dos anos, resolve jogar tudo no ventilador. Os festejos acontecem no hotel da família, em que os filhos do sessentão cresceram e que, recentemente, a irmã gêmea do primogênito havia se suicidado. Pesado, não? Mas nem por isso menos batido. Pelo menos dito assim. O que impressiona é que isso tudo é brilhantemente executado, ou, nas palavras do livro, "o trabalho de Vinterberg[...] é verdadeiramente explosivo e executado com maestria". Assino embaixo. E as propostas do dogma, de um moviemaking mais puro, acabam conferindo maior densidade dramática ao filme. As câmeras oscilantes pela falta do tripé, os cortes duros e secos das passagens, os ruídos do ambiente... tudo isso aumenta o impacto emocional do que está sendo encenado- muito bem, diga-se de passagem. Embora haja um conflito central, há uma série de microconflitos que vão se interpondo, e nos instigam a saber o que vai acontecer na próxima cena. Os personagens também têm várias facetas, ao ponto de, em alguns momentos, o espectador ficar sem saber em quem deve acreditar, ou por qual deles deve "torcer" (admitam, sempre rola uma torcida por algum personagem ou plot de um filme!). São cativantes, ambíguos, falíveis- alguns mais, outros menos-,  exatamente como todo mundo. Festa de Família me ganhou porque tinha tudo apenas para ser um filme-pretexto, meio laboratório, para os criadores do Dogma, e foi muito além. A ausência de recursos tecnológicos se tornou, no final das contas, o recurso-mór, sendo determinante para a narrativa da filme. Fico feliz de ter assistido antes de abotoar o paletó de madeira.

Melhor fala: "Nice one, Dad. Good speech. Well done. But I think you'll have to go now so we can eat our breakfast."
(Que agora eu não sei se foi enunciada em Dinamarquês ou Inglês. Aliás, é muito ruim depender de legenda pra assistir um filme. Como estudo Inglês desde muito criança, me acostumei a não me prender às legendas e acho que a gente perde muito quando tem que ler absolutamente tudo pra sacar o que está se passando)

Um comentário:

  1. oooooooou, o felipe seeeeeeeempre fala desse filme, pra eu ver, que ele AMA. mas como preguiça é o meu nome do meio - só não é o mais conhecido porque "regina" é mesmo moooooito impactante! rs - acho que vou acabar me contentando com a indicação dele e a sua resenha, mesmo. os filmes do dogma me dão uma preguiiiiiiiiiiça... confesso que todos que eu vi até hoje acabei curtindo demais, mas mesmo assim, dá preguiça do projeto "vou ver um filme do dogma hoje". sempre tem um na fila antes... e como te disse, tô numa fase mais cinemeira. sô praieira, sô guerreira e tô cinemeira! quero mais o quê? hahahahaha... e ou, citar o aniversário da dudu é covardia! sua vaca.

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