quarta-feira, 1 de junho de 2011

let the reviewing begin!

Assisti dois filmes da proposta ainda esta semana, com a disciplina típica de quem começa alguma coisa nova na vida. Então, antes que bata a "síndrome dos três meses de academia" e eu fique inventando desculpas pra não escrever, vamos a eles:

Felicidade


Título original: (Happiness)
Lançamento: 1998 (EUA)
Direção: Todd Solondz
Atores: Jane Adams, Jon Lovitz, Philip Seymour Hoffman, Dylan Baker.
Duração: 134 min
Gênero: Drama


O grande pecado do livro "1001 filmes" foi dizer que o Todd Solondz "está se transformando em um Woody Allen pós-moderno e ainda mais perturbado." Pelo menos com base neste filme, achei quase uma blasfêmia a comparação. Ok, eu admito que sou suspeitíssima para falar do Woddyzinho porque pago MUITO pau pro cara. Mas achei "Felicidade" muito mais obscuro do que qualquer coisa que o Woody Allen tenha feito. E fiquei bem decepcionada, porque esperava algo meio crônica, algo meio woodyalleanesco mesmo. Li outras críticas que falavam muito sobre o humor negro do filme ao tratar de tabus. Mas foi tão negro, tão negro, tão negro que ficou no escuro e eu não consegui encontrar. Um psiquiatra pedófilo que descreve para o filho o que fez com os coleguinhas de colégio dele; uma gordinha que odeia sexo e é apaixonada por um tarado, a ninfomaníaca que escreve livros de sucesso sobre estupros que nunca sofreu...  Acho que a mão pesou demais na polêmica e faltou sutileza ou ironia, tanto que achei que pouquíssimas passagens realmente tinham algum traço de humor ( e olha que eu sou escrota e faço todas as piadas politicamente incorretas que se possa imaginar, basta me conhecer um pouco pra saber!). E mais: tirando o Phillip Seymour (vulgo gordinho louro que faz Capote) e o Dylan Baker (o terapeuta que faz freela de comedor de crianças no filme), achei as atuações bem medianas. Tipo atuação de TE-atro (assim, bem pronunciado), meio forçada demais pras telas. O menino que interpreta o filho do psiquiatra também é muito bom, e me garantiu a única risada do filme, na cena final. (Vou tentar começar essa bagaça sem soltar spoiler dos filmes, então fica o mistério do fim.) No fim das contas, "Felicidade" é um bom filme, uma crítica interessante à classe média americana, mas que eu não recomendaria a ninguém que estivesse com os dias  contados, porque dá pra morrer fácil sem ver. Tem coisa melhor no mercado.

Melhor fala*: "I came", Billy Maplewood, filho do psiquiatra-lobo-mau.

* sou obcecada com quotes de filmes, e vou sempre fazer este adendo.


O casamento de Muriel



Título original: (Muriel's Wedding)
Lançamento: 1994 (Austrália, França)
Direção: P.J. Hogan
Atores: Toni Collette, Rachel Griffiths, Sophie Lee, Roz Hammond.
Duração: 106 min
Gênero: Comédia

 Aaaaaaaah, "O Casamento de Muriel"... Tinha visto este filme quando era criança, com uns dez, doze anos. Lembro que ele tinha saído na videoteca da Caras ( no tempo em que a palavra videoteca era coisa comum de se dizer) e um amigo viado da minha mãe disse pra ela ver, que era ótimo (itálico pra frisar o boiolês). Lembro também que já, na época, eu tinha gostado muito, e agora eu não entendo por quê! Porque o melhor do filme, que são as tiradas sarcásticas e a ironia em torno da protagonista, eu não conseguia entender na época. A Muriel é uma gordinha loser e extravagante de uma cidadela da Austrália, que quer se enturmar com as lourudas gostosonas (e obviamente escrotas) do pedaço. Nos seus vinte e poucos, é desempregada, malvestida e nunca tinha pegado ninguém. Mas era obcecada pelo sonho de se casar e pelo Abba. "Alinháis", este é um bônus do filme de que eu só desfrutei agora: em mil novecentos e noventa e poucos, eu não tinha a menor pista sobre o que foi o Abba, e não pude curtir os vários momentos do filme musicados pelos gritinhos agudos da banda, muito bom. Talvez o que tenha me chamado atenção naquela época foi a amizade entre a Muriel e a Rhonda (Rachel Griffins), vivendo a vida dos vinte e alguns a esmo, seja no estilo "curtindo a vida adoidado" ou fazendo a linha "amigas para sempre é o que nós iremos ser". Faz a gente pensar nos nossos próprios melhores amigos, em qualquer época da vida. E o filme vale a pena também pra ponderar que, muitas vezes, nossos maiores sonhos não são aquilo que vai fazer a gente feliz (durmam com este barulho, amigos!) No mais, a Toni Collette está incrível como protagonista! Nas palavras do próprio "1001",  ela "não se contenta em desempenhar o papel da gorducha Muriel Hislot (...), mas absorve toda sua personalidade e a incorpora totalmente." Concordo em gênero, número e grau. ( Momento maldade: agora ela tá fazendo até um sucessinho improvável com a série "United States of Tara", que eu achei que ia ser boa, mas decepcionou. Começa pelo fato de ela ser esposa do John Corbett, o Aidan, em Sex and The City. Mais realidade, né gente?) E a Rachel Griffins, com um charme a la Juliette Lewis, brilha como a amiga-porra-louca-do-bem perfeita, Rhonda. Pode-se dizer que "O Casamento de Muriel" é um ótimo filme de mulherzinha, mas com um humor muito mais refinado e sarcástico do que o que se costuma ver nos representantes da classe-a lém de um roteiro melhor. ( Mas a fórmula da mulherzice deu certo.Tanto que, anos depois, PJ Hogan dirigiu um dos clássicos imperdíveis do gênero - para quem tem cara e coragem de admitir que já viu e amou, como eu-, "O Casamento do Meu Melhor Amigo" ). Dá pra morrer sem assistir "Muriel", mas a vida vai ser bem menos divertida.

Melhor frase: "When I lived in Porpoise Spit, I used to sit in my room for hours and listen to ABBA songs. But since I've met you and moved to Sydney, I haven't listened to one Abba song. That's because my life is as good as an Abba song. It's as good as Dancing Queen", de Muriel para Rhonda. (MUITO boa, por sinal!)





2 comentários:

  1. aaaaaah, sou doida pra ver esse filme! é um dos da minha longa listinha "não-sei-porque-não-vi-até-hoje"... rs! tanta gente fala tão bem, e eu AMO a toni (e, cá entre nós, não acho absurdo ela ser muié do aidam não, ou! acho compatível, maior - dudu feelings - verossímil. vou ver se baixo ou pego (oi, eu ainda pego filme em locadora!) e depois te conto... beijo, gátam cinéfilam.

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  2. ih, achei que era um post pra cada filme, então tive que vortá pra comentar do "felicidade", que também nunca vi, mas o felipe ama! mas vou checar com ele se ele acha que a vibe woody procede ou se ele tá contigo e não abre... aliás, eu, assim como você, sou suspeita em termos de woody: gosto tanto, que casei com um cosplay dele! hahaha... mas vou ver se animo de ver antes de morrer e te digo... mas ando numa vibe mais cinemuda do que caseira. beijo beijo!

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