Assisti dois filmes da proposta ainda esta semana, com a disciplina típica de quem começa alguma coisa nova na vida. Então, antes que bata a "síndrome dos três meses de academia" e eu fique inventando desculpas pra não escrever, vamos a eles:
Felicidade
Título original: (Happiness)
Lançamento: 1998 (EUA)
Direção: Todd Solondz
Atores: Jane Adams, Jon Lovitz, Philip Seymour Hoffman, Dylan Baker.
Duração: 134 min
Gênero: Drama
O grande pecado do livro "1001 filmes" foi dizer que o Todd Solondz "está se transformando em um Woody Allen pós-moderno e ainda mais perturbado." Pelo menos com base neste filme, achei quase uma blasfêmia a comparação. Ok, eu admito que sou suspeitíssima para falar do Woddyzinho porque pago MUITO pau pro cara. Mas achei "Felicidade" muito mais obscuro do que qualquer coisa que o Woody Allen tenha feito. E fiquei bem decepcionada, porque esperava algo meio crônica, algo meio woodyalleanesco mesmo. Li outras críticas que falavam muito sobre o humor negro do filme ao tratar de tabus. Mas foi tão negro, tão negro, tão negro que ficou no escuro e eu não consegui encontrar. Um psiquiatra pedófilo que descreve para o filho o que fez com os coleguinhas de colégio dele; uma gordinha que odeia sexo e é apaixonada por um tarado, a ninfomaníaca que escreve livros de sucesso sobre estupros que nunca sofreu... Acho que a mão pesou demais na polêmica e faltou sutileza ou ironia, tanto que achei que pouquíssimas passagens realmente tinham algum traço de humor ( e olha que eu sou escrota e faço todas as piadas politicamente incorretas que se possa imaginar, basta me conhecer um pouco pra saber!). E mais: tirando o Phillip Seymour (vulgo gordinho louro que faz Capote) e o Dylan Baker (o terapeuta que faz freela de comedor de crianças no filme), achei as atuações bem medianas. Tipo atuação de TE-atro (assim, bem pronunciado), meio forçada demais pras telas. O menino que interpreta o filho do psiquiatra também é muito bom, e me garantiu a única risada do filme, na cena final. (Vou tentar começar essa bagaça sem soltar spoiler dos filmes, então fica o mistério do fim.) No fim das contas, "Felicidade" é um bom filme, uma crítica interessante à classe média americana, mas que eu não recomendaria a ninguém que estivesse com os dias contados, porque dá pra morrer fácil sem ver. Tem coisa melhor no mercado.
Melhor fala*: "I came", Billy Maplewood, filho do psiquiatra-lobo-mau.
* sou obcecada com quotes de filmes, e vou sempre fazer este adendo.
O casamento de Muriel
Título original: (Muriel's Wedding)
Lançamento: 1994 (Austrália, França)
Direção: P.J. Hogan
Atores: Toni Collette, Rachel Griffiths, Sophie Lee, Roz Hammond.
Duração: 106 min
Gênero: Comédia
Aaaaaaaah, "O Casamento de Muriel"... Tinha visto este filme quando era criança, com uns dez, doze anos. Lembro que ele tinha saído na videoteca da Caras ( no tempo em que a palavra videoteca era coisa comum de se dizer) e um amigo viado da minha mãe disse pra ela ver, que era ótimo (itálico pra frisar o boiolês). Lembro também que já, na época, eu tinha gostado muito, e agora eu não entendo por quê! Porque o melhor do filme, que são as tiradas sarcásticas e a ironia em torno da protagonista, eu não conseguia entender na época. A Muriel é uma gordinha loser e extravagante de uma cidadela da Austrália, que quer se enturmar com as lourudas gostosonas (e obviamente escrotas) do pedaço. Nos seus vinte e poucos, é desempregada, malvestida e nunca tinha pegado ninguém. Mas era obcecada pelo sonho de se casar e pelo Abba. "Alinháis", este é um bônus do filme de que eu só desfrutei agora: em mil novecentos e noventa e poucos, eu não tinha a menor pista sobre o que foi o Abba, e não pude curtir os vários momentos do filme musicados pelos gritinhos agudos da banda, muito bom. Talvez o que tenha me chamado atenção naquela época foi a amizade entre a Muriel e a Rhonda (Rachel Griffins), vivendo a vida dos vinte e alguns a esmo, seja no estilo "curtindo a vida adoidado" ou fazendo a linha "amigas para sempre é o que nós iremos ser". Faz a gente pensar nos nossos próprios melhores amigos, em qualquer época da vida. E o filme vale a pena também pra ponderar que, muitas vezes, nossos maiores sonhos não são aquilo que vai fazer a gente feliz (durmam com este barulho, amigos!) No mais, a Toni Collette está incrível como protagonista! Nas palavras do próprio "1001", ela "não se contenta em desempenhar o papel da gorducha Muriel Hislot (...), mas absorve toda sua personalidade e a incorpora totalmente." Concordo em gênero, número e grau. ( Momento maldade: agora ela tá fazendo até um sucessinho improvável com a série "United States of Tara", que eu achei que ia ser boa, mas decepcionou. Começa pelo fato de ela ser esposa do John Corbett, o Aidan, em Sex and The City. Mais realidade, né gente?) E a Rachel Griffins, com um charme a la Juliette Lewis, brilha como a amiga-porra-louca-do-bem perfeita, Rhonda. Pode-se dizer que "O Casamento de Muriel" é um ótimo filme de mulherzinha, mas com um humor muito mais refinado e sarcástico do que o que se costuma ver nos representantes da classe-a lém de um roteiro melhor. ( Mas a fórmula da mulherzice deu certo.Tanto que, anos depois, PJ Hogan dirigiu um dos clássicos imperdíveis do gênero - para quem tem cara e coragem de admitir que já viu e amou, como eu-, "O Casamento do Meu Melhor Amigo" ). Dá pra morrer sem assistir "Muriel", mas a vida vai ser bem menos divertida.
Melhor frase: "When I lived in Porpoise Spit, I used to sit in my room for hours and listen to ABBA songs. But since I've met you and moved to Sydney, I haven't listened to one Abba song. That's because my life is as good as an Abba song. It's as good as Dancing Queen", de Muriel para Rhonda. (MUITO boa, por sinal!)
aaaaaah, sou doida pra ver esse filme! é um dos da minha longa listinha "não-sei-porque-não-vi-até-hoje"... rs! tanta gente fala tão bem, e eu AMO a toni (e, cá entre nós, não acho absurdo ela ser muié do aidam não, ou! acho compatível, maior - dudu feelings - verossímil. vou ver se baixo ou pego (oi, eu ainda pego filme em locadora!) e depois te conto... beijo, gátam cinéfilam.
ResponderExcluirih, achei que era um post pra cada filme, então tive que vortá pra comentar do "felicidade", que também nunca vi, mas o felipe ama! mas vou checar com ele se ele acha que a vibe woody procede ou se ele tá contigo e não abre... aliás, eu, assim como você, sou suspeita em termos de woody: gosto tanto, que casei com um cosplay dele! hahaha... mas vou ver se animo de ver antes de morrer e te digo... mas ando numa vibe mais cinemuda do que caseira. beijo beijo!
ResponderExcluir